domingo, 23 de setembro de 2012

OMEM DESONRADO [Inspirado em Omens Onrados de Paula Izabela]

Mesmo sem o agá também sou omem
Não tão onrado quanto os outros
Pois na vida já fui desonrado
Excluído e crucificado

No ócio e no vício
No real e no fictício
Sou a sombra da morte
Sou a faca e o corte
E o resto do feitiço


Já fui plebeu e lorde


Sorte de quem não me viu desnudo


Sou um poeta mudo





Na masmorra onde vivo


Sufocado pelo próprio orifício


Emito altos roncos


Morro por minutos


E volto a respirar


Em cada apneia noturna

Um vazio e um pausa diurna
Suspiro e prurido
Me escondo do sono na noite
E dos vestígios do dia
Tudo que me causar melancolia

Sem letras e nomes
Sem estaca e sem caixão
Estou jogado no latão
Tudo porque disseram
Quem tem:


Um lixo pronto para ser descartado...




OMENS ONRADOS

Correntezas rubras movidas pela insensatez,
prudência sufocada pelo ácido.
Bílis alterada pelo ódio.
Barris de vinho cheios de pólvora.

Tudo muda para o que sempre foi e nunca deixará de ser:
Pedras, 
espadas, 
fogo, 
arsênico, 
antrax.
Nada se transforma.

Faroó, 
rei, 
imperador, 
presidente, 
coronel, 
pai de chiqueiro e galo de briga.
Vilões e mocinhos, 
malfeitores e benfeitores.
Impossível distingui-los: todos acreditam nos próprios pêlos.
SENHORES DA RAZÃO desafiam Lúcifer.

No inferno, vulcões de lágrimas, 
estupidez epidêmica, 
intolerância alastrada.
O aço retorcido e disforme não ressuscitará pela virilidade perdida.
Chega de ereções!

Sementes infecundas sendo plantadas em covas medidas
(ou em valas gigantes?)
nunca brotarão.
Instinto de sobrevivência e de preservação?
Misto de auto-mutilação e repressão
denominado de civilização por um cidadão
de uma nação com religião e boa educação?

Ecos de dor ressoam.
São balas encontradas por esperanças perdidas.
Economia seria simplificar: par ou ímpar?

Um comentário:

  1. Fico muito bom esse jogo de palavras. Vou postar a referência lá no blog. Grata pelo espaço!
    Abraços despenteados!

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