Discurso de Formatura
Magnífico
Reitor do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Prof. José Ricardo
Faleiro Carvalhaes; Ilustríssima Senhora Coordenadora do Curso de Letras, Profª.
Solange Maria Moreira de Campos Batista; Ilustríssimo Senhor Paraninfo, Professor
Doutor Luiz Morando; demais componentes da mesa; Senhoras e Senhores presentes,
boa noite!
Eustáquio Mário
Ribeiro Braga
Formando em Letras pelo UNI-BH
Formando em Letras pelo UNI-BH
É com muita alegria que nos reunimos nesta noite para
festejar a tão sonhada conquista de nossa formatura. Estamos não somente
alegres com o evento, mas emocionados com a presença dos nossos parentes,
amigos e daqueles que de alguma forma contribuíram com a nossa jornada. Não
obstante, estamos também aliviados por não termos mais que pagar mensalidades
exorbitantes, tão distantes da nossa realidade financeira quando a média
salarial dos trabalhadores na Região Metropolitana de BH não rompe a barreira
dos setecentos e trinta reais. Todavia, estamos cientes do dever cumprido, pois
num cenário social onde a globalização econômica, a introdução acelerada de
novas tecnologias passam a exigir aprendizagens imprescindíveis para o
desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida da população, hoje, marcada
por elevados níveis de pobreza, verifica-se que poucos cidadãos são
contemplados com a possibilidade de cursar o Ensino de Nível Superior. Nesse
sentido, somos privilegiadas e vitoriosas, pois conseguimos superar os desafios
que nos foram impostos, e não foram poucos.
Quando, em 2001, adentramos as dependências do UNI-BH,
para ocuparmos as nossas cadeiras no Curso de Letras, acreditávamos que não
somente estávamos iniciando uma vida acadêmica, mas dávamos o primeiro passo
para abraçar uma nova profissão, pois acreditávamos que, por se tratar de um curso
de licenciatura, teríamos toda a atenção necessária que merece um novo
Educador. Ledo engano. Contudo, no primeiro período, tivemos os melhores
professores, mesmo que os investimentos fossem escassos em laboratórios,
equipamentos e acervo bibliográfico, porém, no decorrer do curso, o descaso, a
falta de flexibilidade quando das negociações financeiras, a falta de critérios
claros e objetivos na distribuição de bolsas e a falta de investimento no Curso
de Letras – para não falar nos Cursos de Licenciatura - fizeram com que muitos
colegas desistissem de suas cadeiras, restando apenas aqueles que, como Dom
Quixote, de Miguel de Cervantes, lutaram contra os moinhos de vento.
Nessa incessante luta muitas ações foram direcionadas no
intuito de buscar mais conteúdo para o curso, incluindo a substituição de
professores que destoavam com os interesses da maioria da turma. Democraticamente,
elegemos uma comissão de representantes de turma (K1LN) bem atuantes, que não
mediram esforços para mediar as nossas relações acadêmicas para com a
Faculdade. Fundamos dois grupos de discussão e compartilhamento de trabalhos e/ou
materiais acadêmicos. Uma pena que poucos foram os professores que aderiram aos
grupos e compartilharam os seus materiais de estudo. Queríamos conteúdo,
achávamos prudente que todos os professores disponibilizassem os seus materiais
digitalizados para que os estudantes pudessem adquirir o embasamento teórico
necessário para aliar a teoria à prática.
Pensar em uma universidade de qualidade é pensar numa
universidade que proporcione a comunidade acadêmica oportunidade de
experimentar a pesquisa cientifica, de vivenciar projetos sociais transcendendo
seus muros para numa relação dialógica transformar a comunidade ao mesmo tempo
em que se transforma. Para reconhecer a importância da educação é preciso
valorizar mais os professores brasileiros, mas para que isto aconteça é preciso
haja investimento.
Nesse contexto, os profissionais de educação, em especial
os professores, têm papel essencial, pois somos responsáveis pelas sementes do
amanhã, que poderão ser o fruto de uma geração de pessoas que conquistaram a
verdadeira democracia.
Ao novo educador, hoje compete o desafio de refazer a
educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação
democrática seja possível. É imperativo que se criem alternativas pedagógicas
que favoreçam o aparecimento de um novo tipo de cidadão; mais solidário;
preocupado em superar o individualismo criado pela exploração capitalista do
trabalho (fruto da modernidade); preocupado com um novo projeto social e
político que construa uma sociedade mais justa e mais igualitária.
Por isto, somos semeadores e não podemos fugir da
responsabilidade de semear. Não digamos que o solo é áspero; que chove
freqüentemente; que o sol queima ou que a semente não serve. Não é nossa função
julgar a terra e o tempo. Nossa missão é semear. Também não importa o campo de
trabalho, quer seja na empresa, ou na instituição escolar, ou na área de
pesquisa; enfim, nas diversas áreas de atuação do profissional das Letras. É
vital que se tenha a possibilidade de construir um mundo melhor.
Nessa perspectiva, o Curso de Letras do UNI-BH tem muitos
méritos por ter atualmente um currículo que contempla uma formação generalista,
permitindo que o profissional atue em diversos segmentos sociais, além de que,
acompanhe as transformações do mundo acadêmico e profissional.
Para formar ou se formar, é preciso ter uma boa fôrma e, não
interessa a forma e sim, o conteúdo. Somos formados de água e massa, assim como
um bolo que leva os ingredientes necessários para a sua formação, muito embora
que, no recheio se possam dosar diversos sabores distintos, mas a fôrma é
fundamental para definir a forma, quer seja retangular (plana) ou redonda
(periférica). Se formado é aquele que recebeu forma; foi feito; constituído, ou
seja, foi modelado. Então, a faculdade é a fôrma, ou seja, aquela que deu a
forma; formou; modelou. Logo a formadura (forma dura), que poderia ser
desagregada, com a fôrma adequada, assume uma forma mais consistente, pois um
novo ser acaba de ser formado, isto
é, foi instruído; educado; aperfeiçoado, mesmo que na sua essência continue o
mesmo. Vimos que, o aquele bolo-humano que antes estava em estado líquido se
tornou sólido depois que recebeu a forma, através da fôrma e do cozimento. No
entanto, continuamos seres compostos de água e massa, mas o tempo de cozimento
adequado na fôrma da faculdade nos deu a forma para formar e/ou educar novos
formandos.
E assim, se formou, em 2004, aqui neste campus, não
somente novos profissionais das “Belas Letras”, mas, sim, novos cidadãos
críticos e conscientes do dever ético de ensinar. Todavia, não o ensinar por
ensinar, e, sim, o ensinar porque se adquiriu várias parcelas do saber até
chegar ao ponto de poder ensinar. Certamente, sabemos que o diploma; o cruzar a
linha de chegada gera momentos de efetivo bem-estar, mas acreditamos que este é
apenas o começo de uma longa estrada a ser percorrida, com as nossas
especializações e/ou atividades profissionais que nos proporcionarão encontros,
desencontros e reencontros.
Concluindo, temos muito para recordar de nosso tempo na
faculdade e muitas pessoas especiais guardadas no coração. Nesse momento, que
também é marcado pela saudade, ficam como tesouro: as aulas, as festas, a
partilha dos sonhos, os gestos encorajadores, a torcida, o companheirismo... E,
sobretudo a mensagem de que devemos ter “fé na vida, fé no homem, fé no que
virá, nós podemos tudo, nós podemos mais, vamos lá fazer o que será”.
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