quarta-feira, 27 de maio de 2015

DISCURSO DE FORMATURA

Discurso de Formatura
Magnífico Reitor do Centro Universitário de Belo Horizonte (UNI-BH), Prof. José Ricardo Faleiro Carvalhaes; Ilustríssima Senhora Coordenadora do Curso de Letras, Profª. Solange Maria Moreira de Campos Batista; Ilustríssimo Senhor Paraninfo, Professor Doutor Luiz Morando; demais componentes da mesa; Senhoras e Senhores presentes, boa noite!



Eustáquio Mário Ribeiro Braga
Formando em Letras pelo UNI-BH

É com muita alegria que nos reunimos nesta noite para festejar a tão sonhada conquista de nossa formatura. Estamos não somente alegres com o evento, mas emocionados com a presença dos nossos parentes, amigos e daqueles que de alguma forma contribuíram com a nossa jornada. Não obstante, estamos também aliviados por não termos mais que pagar mensalidades exorbitantes, tão distantes da nossa realidade financeira quando a média salarial dos trabalhadores na Região Metropolitana de BH não rompe a barreira dos setecentos e trinta reais. Todavia, estamos cientes do dever cumprido, pois num cenário social onde a globalização econômica, a introdução acelerada de novas tecnologias passam a exigir aprendizagens imprescindíveis para o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida da população, hoje, marcada por elevados níveis de pobreza, verifica-se que poucos cidadãos são contemplados com a possibilidade de cursar o Ensino de Nível Superior. Nesse sentido, somos privilegiadas e vitoriosas, pois conseguimos superar os desafios que nos foram impostos, e não foram poucos.

Quando, em 2001, adentramos as dependências do UNI-BH, para ocuparmos as nossas cadeiras no Curso de Letras, acreditávamos que não somente estávamos iniciando uma vida acadêmica, mas dávamos o primeiro passo para abraçar uma nova profissão, pois acreditávamos que, por se tratar de um curso de licenciatura, teríamos toda a atenção necessária que merece um novo Educador. Ledo engano. Contudo, no primeiro período, tivemos os melhores professores, mesmo que os investimentos fossem escassos em laboratórios, equipamentos e acervo bibliográfico, porém, no decorrer do curso, o descaso, a falta de flexibilidade quando das negociações financeiras, a falta de critérios claros e objetivos na distribuição de bolsas e a falta de investimento no Curso de Letras – para não falar nos Cursos de Licenciatura - fizeram com que muitos colegas desistissem de suas cadeiras, restando apenas aqueles que, como Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, lutaram contra os moinhos de vento.
Nessa incessante luta muitas ações foram direcionadas no intuito de buscar mais conteúdo para o curso, incluindo a substituição de professores que destoavam com os interesses da maioria da turma. Democraticamente, elegemos uma comissão de representantes de turma (K1LN) bem atuantes, que não mediram esforços para mediar as nossas relações acadêmicas para com a Faculdade. Fundamos dois grupos de discussão e compartilhamento de trabalhos e/ou materiais acadêmicos. Uma pena que poucos foram os professores que aderiram aos grupos e compartilharam os seus materiais de estudo. Queríamos conteúdo, achávamos prudente que todos os professores disponibilizassem os seus materiais digitalizados para que os estudantes pudessem adquirir o embasamento teórico necessário para aliar a teoria à prática.

Pensar em uma universidade de qualidade é pensar numa universidade que proporcione a comunidade acadêmica oportunidade de experimentar a pesquisa cientifica, de vivenciar projetos sociais transcendendo seus muros para numa relação dialógica transformar a comunidade ao mesmo tempo em que se transforma. Para reconhecer a importância da educação é preciso valorizar mais os professores brasileiros, mas para que isto aconteça é preciso haja investimento.

Nesse contexto, os profissionais de educação, em especial os professores, têm papel essencial, pois somos responsáveis pelas sementes do amanhã, que poderão ser o fruto de uma geração de pessoas que conquistaram a verdadeira democracia.

Ao novo educador, hoje compete o desafio de refazer a educação, reinventá-la, criar as condições objetivas para que uma educação democrática seja possível. É imperativo que se criem alternativas pedagógicas que favoreçam o aparecimento de um novo tipo de cidadão; mais solidário; preocupado em superar o individualismo criado pela exploração capitalista do trabalho (fruto da modernidade); preocupado com um novo projeto social e político que construa uma sociedade mais justa e mais igualitária.
Por isto, somos semeadores e não podemos fugir da responsabilidade de semear. Não digamos que o solo é áspero; que chove freqüentemente; que o sol queima ou que a semente não serve. Não é nossa função julgar a terra e o tempo. Nossa missão é semear. Também não importa o campo de trabalho, quer seja na empresa, ou na instituição escolar, ou na área de pesquisa; enfim, nas diversas áreas de atuação do profissional das Letras. É vital que se tenha a possibilidade de construir um mundo melhor.

Nessa perspectiva, o Curso de Letras do UNI-BH tem muitos méritos por ter atualmente um currículo que contempla uma formação generalista, permitindo que o profissional atue em diversos segmentos sociais, além de que, acompanhe as transformações do mundo acadêmico e profissional.

Para formar ou se formar, é preciso ter uma boa fôrma e, não interessa a forma e sim, o conteúdo. Somos formados de água e massa, assim como um bolo que leva os ingredientes necessários para a sua formação, muito embora que, no recheio se possam dosar diversos sabores distintos, mas a fôrma é fundamental para definir a forma, quer seja retangular (plana) ou redonda (periférica). Se formado é aquele que recebeu forma; foi feito; constituído, ou seja, foi modelado. Então, a faculdade é a fôrma, ou seja, aquela que deu a forma; formou; modelou. Logo a formadura (forma dura), que poderia ser desagregada, com a fôrma adequada, assume uma forma mais consistente, pois um novo ser acaba de ser formado, isto é, foi instruído; educado; aperfeiçoado, mesmo que na sua essência continue o mesmo. Vimos que, o aquele bolo-humano que antes estava em estado líquido se tornou sólido depois que recebeu a forma, através da fôrma e do cozimento. No entanto, continuamos seres compostos de água e massa, mas o tempo de cozimento adequado na fôrma da faculdade nos deu a forma para formar e/ou educar novos formandos.

E assim, se formou, em 2004, aqui neste campus, não somente novos profissionais das “Belas Letras”, mas, sim, novos cidadãos críticos e conscientes do dever ético de ensinar. Todavia, não o ensinar por ensinar, e, sim, o ensinar porque se adquiriu várias parcelas do saber até chegar ao ponto de poder ensinar. Certamente, sabemos que o diploma; o cruzar a linha de chegada gera momentos de efetivo bem-estar, mas acreditamos que este é apenas o começo de uma longa estrada a ser percorrida, com as nossas especializações e/ou atividades profissionais que nos proporcionarão encontros, desencontros e reencontros.

Concluindo, temos muito para recordar de nosso tempo na faculdade e muitas pessoas especiais guardadas no coração. Nesse momento, que também é marcado pela saudade, ficam como tesouro: as aulas, as festas, a partilha dos sonhos, os gestos encorajadores, a torcida, o companheirismo... E, sobretudo a mensagem de que devemos ter “fé na vida, fé no homem, fé no que virá, nós podemos tudo, nós podemos mais, vamos lá fazer o que será”.



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