Perguntam-me acerca da
felicidade, da justiça e da virtude, como não sou de ficar encima do muro,
utilizarei daquele recurso que mais sei utilizar para conceituar ou comentar
sobre determinada questão, que são as palavras.
Felicidade é o estado momentâneo
ao qual o indivíduo pode ou não expressar o seu sentimento em relação ao outro
ou a uma determinada situação.
A felicidade é efêmera, logo
podemos viver momentos de extrema euforia ao qual sentimos um bem estar tão
grande que deixamos transparecer os nossos sentimentos mais íntimos. Claro que
não existe a menor possibilidade de quantificar ou estabelecer metas para
alcançar este estado sublime supostamente tratado por felicidade.
A felicidade é o conjunto de
situações favoráveis que permite ao indivíduo entrar numa zona de conforto a
qual este se sente feliz e realizado. Assim, esta pessoa se sente tão bem com a
família, amigos e/ou parceiros a ponto de externar seu estado de felicidade
através de atitudes amáveis.
Algumas pessoas traçam metas as
quais pretende chegar ao ápice da felicidade, mas engana-se quem pensa que será
feliz por toda eternidade. Conseguir bens, conquistar uma pessoa não quer dizer
que tal situação perdurará ou lhe permitirá ser feliz sempre, pois quando uma
pessoa atinge um objeto, logo este traça outro e outro, e...
Logo, a felicidade não pode ser
mensurada ou determinada, pois trata-se apenas de momentos felizes.
Já a justiça pode ser feita de
acordo com a meta estabelecida pelo indivíduo que se sentirá feliz quando
alguma coisa que deu errada foi corrigida. Outro caso é quando alguém que cometeu um
deslize se desculpou ou, ainda, quando alguém que cometeu um crime recebeu a
justa punição.
Dizem que a justiça tarda, mas
não falha. Vamos tratar ,aqui, da lei da compensação, pois nada melhor que um dia
após o outro.
Mas, para deixar um pouco de
dúvida no ar, não responderei o que penso, uma vez que posso conceituar situações
em que nem sempre a justiça foi ou será feita.
Veja bem, o juiz não faz JUSTIÇA,
ele é um ator que participa dos elementos da Justiça, que, por sua vez, faz parte do aparelho
repressor de uma sociedade a serviço do governo, mas em poder distinto do
governo majoritário.
Dentro dessa premissa, o juiz não
faz justiça, ele apenas aplica a lei quando o mesmo decide a partir de sua
interpretação do texto legal, uma vez que, o direito não é ciência, é prudência. O
juiz tem que cumprir o seu papel de juiz usando a prudência.
Nestes termos, o juiz decide de
acordo, não com o que ele deve decidir, mas de acordo com o que ele pode
decidir, com fulcro em artigos de uma determinada lei, sendo que ele pode decidir nos termos do texto jurídico ou
de sua interpretação do texto legal. Assim, a sua decisão é uma norma jurídica.
Digo isto porque podemos ter mais de uma interpretação do texto jurídico que
pode embasar uma ou mais decisões corretas. Pode ser que hajam decisões
divergentes, mas as interpretações, ambas, podem estar corretas a partir da
interpretação distinta do texto legal e/ou combinando outros dispositivos
legais que permitam nova leitura e novo entendimento.
Então, para tomar decisões no
direito, o juiz tem que estar ciente dos limites da moldura. Isto é, interpretar o
texto jurídico para estabelecer uma norma que balizará a sua decisão. Assim,
podemos inferir que é comum o juiz ter que distinguir e determinar alguns
critérios que lhe permita utilizar o princípio em nome da justiça ou a regra em
nome do direito.
Benjamim Cardozo, um jurista
português, dizia: “um bom juiz sempre encontra uma fórmula de salvar a vítima.”
Acho que aprendi um pouco disso ao longo de minha vida enquanto cidadão e no
exercício de cargos públicos aos quais tenho que decidir questões que
interferem com a vida humana e não apenas inerentes às atividades exercidas
pelo servidor público, uma vez que estou inserido no rol de servidores públicos
estaduais.
Quanto à virtude, não posso
comentar nada antes de dizer que há um ser virtuoso em cada vida humana, pois
todos têm os seus pontos positivos e negativos; erros e acertos; falhas e
retidão. Assim, o ser humano é virtuoso e possui qualidades que lhe são
permitidas descobrir quando testado. Adoro surpreender a mim mesmo com
decisões que são frutos das minhas virtudes. Não estou falando da inteligência
e da boa utilização do lado racional (masculino) localizado no lado esquerdo do
cérebro, muito menos do lado emocional (feminino) que se aloja no lado direito
do cérebro. Muito menos dos dons que herdamos até de forma hereditária. Quero
falar das virtudes inerentes ao homem que necessitam ser mostradas, mas isto
depende das atitudes de cada um e de sua ética.
Ética é aquilo que fazemos certo
na frente de todos, caráter é aquilo que fazemos de certo mesmo no silêncio e
longe dos olhos do Outro.
Não sou de responder perguntas,
mas se semear a dúvida. Descubra se sou feliz ou vivo momentos de felicidade
plena; descubra se tenho senso de justiça ou se há alguma virtude em mim. Se
achares algum resquício desses elementos, saberemos que somos seres humanos
dotados de um pouco de cada uma dessas qualidades.
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