quarta-feira, 2 de março de 2016

MORTE E RETORNO: SERÁ?

VOLTAR? JAMÉ...
Thackyn Braga
Se já foi muito difícil voltar da vida
Imagina voltar da morte?
Seria um sacrifício enorme
Ter que começar tudo de novo
Aprender as mesmas coisas
Em um processo de ensino
Muito mau feito e sem sentido
Onde o ser não tem preço
Mas não vale nada
E o ter é apreciado
Mesmo para aqueles
Que não possuem valores
Um novo corpo significa
Apenas uma nova fachada
Para uma casa mal acabada
Pior, sem memória...
Como é bela a lucidez. Obrigada Freud. 
"(...) Talvez os deuses sejam gentis conosco, tornando a vida mais desagradável à medida que envelhecemos. Por fim, a morte nos parece menos intolerável do que os fardos que carregamos.
– Por quê – disse calmamente – deveria eu esperar um tratamento especial? A velhice, com sua agruras chega para todos. Eu não me rebelo contra a ordem universal. Afinal, mais de setenta anos. Tive o bastante para comer. Apreciei muitas coisas – a companhia de minha mulher, meus filhos, o pôr do sol. Observei as plantas crescerem na primavera. De vez em quando tive uma mão amiga para apertar. Vez ou outra encontrei um ser humano que quase me compreendeu. Que mais posso querer?
(...) O senhor acredita na persistência da personalidade após a morte, de alguma forma que seja?
S. Freud: Não penso nisso. Tudo o que vive perece. Por que deveria o homem constituir uma exceção?
George Sylvester Viereck: Gostaria de retornar em alguma forma, de ser resgatado do pó? O senhor não tem, em outras palavras, desejo de imortalidade?
S. Freud: Sinceramente não. Se a gente reconhece os motivos egoístas por trás de conduta humana, não tem o mínimo desejo de voltar a vida, movendo-se num círculo, seria ainda a mesma.
Além disso, mesmo se o eterno retorno das coisas, para usar a expressão de Nietzsche, nos dotasse novamente do nosso invólucro carnal, para que serviria, sem memória? Não haveria elo entre passado e futuro.
Pelo que me toca estou perfeitamente satisfeito em saber que o eterno aborrecimento de viver finalmente passará. Nossa vida é necessariamente uma série de compromissos, uma luta interminável entre o ego e seu ambiente. O desejo de prolongar a vida excessivamente me parece absurdo. "
Entre as preciosidades encontradas na biblioteca da Sociedade Sigmund Freud está essa entrevista.
WWW.PSICOLOGIASDOBRASIL.COM.BR|POR ESPAÇO PSI

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