O mito é um quebra-cabeças com um número de pedaços indefinidos. Sua conceituação pode ser abordada sob diversos prismas desde a narrativa, fala, discurso, desafio, dúvida ou enigma. O mito é um fenômeno de difícil definição, e por isto seria pretensioso tentar explicá-lo, sendo que o máximo que podemos fazer é ilustrá-lo em diversos contextos.
O mito é inexplicável e quanto mais as forças da natureza se interajam maiores serão as dúvidas, e novos mitos serão criados ou os antigos serão lembrados. Podemos dizer o indizível sobre ele, mas o mito é uma colcha de retalhos que nunca se termina. É a negação das medidas, uma ausência de respostas que nos faz responder com outra pergunta; é um acreditar sem querer querendo que só nos serve para passar adiante uma explicação para o inexplicável. Pode se dizer daquilo que se respondeu sem saber ao certo o que estava respondendo, ou aquilo que alguém entendeu sem ninguém ter respondido ou perguntado. Ou, ainda, pode ser aquilo que não se perguntou sabendo que a resposta que, talvez, fosse dada não estaria correta, mas que, pelo menos, havia de ter uma resposta para passar adiante.
Todavia, esse quebra-cabeça está longe de ser montado, porque atrás dos mitos está o homem e este é impossível de ser explicado ou montado. Sempre lhe faltará algo e nunca estará completo por mais que no estereótipo pareça perfeito, porém, os mitos vêm sendo explicados por palavras e, mesmo que, consigamos montar o homem que ilustra o mito, jamais conseguiremos desnudar o interior de ambos e trazer à tona todos seus mistérios, e as revelações sempre serão obscuras por mais clareza de raciocínio que tenhamos.
Poderíamos tentar montar esse quebra-cabeças assim como o fizeram com muita propriedade Foucault, Freud e Lévi-Strauss nas suas respectivas interpretações: mito da “verdade”, mito da “mulher amada” e mito da “origem. Não obstante, preferimos continuar enveredando pelos caminhos do imaginário, paradoxo e dúvidas. Por conseguinte, estaremos rodeados por um universo de mitos que criamos ou criaremos a partir de filmes, anúncios publicitários, super-heróis, música, televisão, programas, consumo, etc..
O mito é o caminho entre duas ausentes respostas ou várias possibilidades de interpretações, ou seja, é uma hipótese que se tornou ou se tornará evidente na mente do homem; é a verdade subjetiva, abstrata e virtual; é algo inverossímil que se materializou e se arraigou na mente humana e/ou na sociedade. É a maneira coletiva de ver as coisas e definí-las. O mito é o lago azul ou o sol que cada um enxerga com seus olhos em cada canto do mundo, onde haja um lago azul ou um sol. O mito é um aquário vazio esperando o peixe, ou a água, ou o homem, ou o ar... O mito é como a ética, está no ar e qualquer um pode pegá-lo. Ou não.
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