domingo, 7 de junho de 2015

OBNUBILAÇÃO

Meus olhos míopes enxergam mais no escuro
Tudo porque não necessito ver nada além do breu
Mas quando me acostumo com a escuridão
Vejo muito além das trevas
Quiçá uma luz mesmo que não aja túnel...
Apesar de não ser tão curioso
Não satisfeito com a falta de sombras
Inconformado com a lentidão de raciocínio
Minha consciência clamava por mudança
Resolvi procurar uma fagulha; uma centelha; uma luz...
O conhecimento nunca é demais
E, o saber é essencial para novas descobertas...
Bem sei o que tais mudanças provocam
O estranhamento é inevitável
Mas a duração desse efeito é pequena
Depois, nos acostumamos com a claridade.
Tudo porque descobrimos uma nova realidade.
Muito além dos limites da caverna
E, aquém do pensar humano...
Abrir os olhos para ler e transformar a realidade
O velho Platão já apontava, na alegoria da caverna, as dificuldades das pessoas em se adaptarem à realidade; muitos preferem as sombras do que a claridade da luz, outros se satisfazem com a as figuras projetadas na parede, tomando-as como verdades absolutas, em nome das quais pautam as suas vidas; mas, há outra parcela que busca a claridade para melhor ver o mundo, ainda que possa trazer dor ao abrir os olhos.
Estes transformam, mudam e revolucionam; são, no dizer de B. Brecht, imprescindíveis. Os habitantes das cavernas, a multidão do senso comum, são prisioneiros acorrentados, alienados e manipulados; são, também, a grande correnteza que poderá transbordar, destruindo as margens que os oprimem.
E no momento atual da política brasileira, com a avalanche reacionária e conservadora que assola o País, mais do que nunca é preciso abrir os olhos, perceber a floresta que há depois da árvore e deixar que a luz da razão e da justiça social possam brilhar intensamente na construção futura de uma sociedade mais igual, mais fraterna e mais solidária.
Obs: Sobre o Mito da Caverna, ver em Platão, "A República", Livro VI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário