quarta-feira, 3 de junho de 2015

DUETOS

Tudo em mim é inodoro
Secou a fonte de lágrima
Olhos que suam meninas
Desejo de flor despetalada...
Tudo em mim cheira flor
Até mesmo o suor tem odor
A flor do pecado que rego
É o Amor em frasco que carrego
Uso pijama transparente
Mas o preto e o cinza se misturam
Não revelo se há espelho
Muito menos os negativos
Desejo fugidio de donzelas
Nada mais me importa
Porque se multiplico
Não posso somar
Muito menos subtrair os teus desejos...
Revelação
No escuro do meu quarto
Me revelo entre paredes
O espelho não registra
Muito menos reflete a imagem
Escondo-me entre lençóis
Sinto ciumes do meu corpo
Não o divido com ninguém
Sou boa demais para divisões
Guardei-o para o teu prazer
Se um dia quiser me conhecer...
Sarah
Imagem destorcida
Linha que estava ocupada
Na tela pude escutar um chiado
Quem sabe um mudo gemido
Desarrumei a cama em vão
Desnuda em sem saia
Dormi sob os lençóis
Esqueci o computador ligado
Exibistes?!

Nunca a mulher que sou
Você em um gesto oportunista
Aproveitou da minha distração
Roubou a minha imagem
Não tive tempo
Nem para vestir a camisola
Aquela vermelha toda rendada
Prenda que nunca fora arrematada
Minha nuca confessa
Mas ninguém percebe
Que além dos pelos
Quantos apelos ouvi
E atendi em domicílio
Foi um entra e sai danado
E, como queimou aquela paixão picante...
Tatuei na nuca a sua boca
Que pena que você não usa batom
Talvez uma cor avermelhada cairia bem
A tinta escura quase não revela
Amor feito no escuro sem luz
Sem paixão e sem vela
Mas pelo ardor
Acho que você comera uma pimenta
Quem sabe dedo de moça
Ardeu demais na saída...

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