terça-feira, 16 de dezembro de 2014

SESSÃO REFLEXÃO: "ASSASSINATO" by Luiz Poeta


Estupendo, meu grande amigo-irmão Luiz Poeta . Difícil seria fazer algum outro comentário que os nossos amigos leitores já não tenham os feito. Talvez, o título deveria ter um longo e sonoro esse, creio que um "s' apenas não seria bastante. Acredito que oito "S" (esses maiúsculo) em um mosaico que encobre todo o silêncio ou o silêncio de todos nós. Basta derruba uma árvore, com apenas uma moto-serra, que várias vidas se vão... dezenas, centenas, milhares, milhões... Não dá para mensurar, pois pode não existir mais tantas árvores, mas com certeza as moto-serras hão de existir até não mais serem úteis. Quiçá virem obras de artes as suas sucatas. Talvez, tantas dessas engenhocas empilhadas possam representar o que um dia foi a ideia de uma árvore. Parabéns, meu irmão! Não somente curtir e comentei, como irei compartilhar, pois esse "silêncio" tem que findar, bem como os Assassinatos devem ser gritados e a Poesia tem que ecoar, sendo que a leitura pode ser transformada em atitude. Aqui, aonde trabalho, mesmo estando em uma metrópole, ainda, conseguimos impedir o corte de árvores, pois os moradores da Pampulha conseguem se mobilizar e evitar o corte desnecessário, mas nas grandes florestas, poucos se envolvem nessa luta, bem como o silêncio ou inércia das autoridades abre caminho para o desmatamento, pois muitos interesses estão envolvidos e uma grande parcela das pessoas que vivem através do assassinato de muitos estão muito bem representados em todas as esferas de governo. Não dependo somente de nós, mas podemos iniciar uma luta e darmos o nosso bom exemplo. E, o seu já foi dado...
ASSASSINATO
Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros – Marechal Hermes - Rio de Janeiro - Brasil
A
madeira
geme,
tudo em volta treme,
Vai começar mais um assassinato !
Som de moto-serra, galhos se quebrando,
pássaros voando, o tombo, o choque,
o
impacto!
Tudo silencia.
No chão, pétalas, frutos, poeira, sementes,
seiva, sangue, ninhos... filhotinhos !
...e um tronco centenário jaz... dormente.
No ar,
polens, néctares, essências de folhagens,
e a sensação de miragens novas, fortes, contundentes.
Forma-se um clareira inoportuna, insensata...
olhos sombrios espreitam, vindos de dentro da mata.
Será que são olhos de índios ?
de pajés,
de curandeiros ?
de tupã...
ou
de duendes ?
De sacis,
de caiporas,
de guerreiros ?
... ou espíritos da floresta que olham por uma fresta
de folhas,
o que nos resta ?
...ou olhos de passarinhos,
de antas,
de onças pintadas,
tamanduás,
capivaras,
araras,
ou macacos,
ou répteis,
ou anfíbios,
dentro do mato...
ou insetos, Inquietos ?
Já começou o desmatamento.
O chão vai ficando plano,
fogo espalha-se com o vento,
o céu fica poluído,
a vida fica sem sentido,
no inverno, há calor;
no verão, há frio
O ar torna-se nevoento...
seca o lago,
a fonte,
o rio.
De repente alguém me acorda:
Ei, está na hora, amigo !
Hora de quê ?
De trabalhar ?
De estudar ?
De sonhar ?
Não,
de fugir,
buscar abrigo.
Onde ?
No Céu ?
No mar ?
No ar ?
Não, irmão...
No teu...
S
I
L
Ê
N
C
I
O
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