domingo, 23 de setembro de 2012

PERDIDO SONHO


Deixei um sentimento escondido
No fundo da gaveta
Abafado apesar do gemido
Tampei da janela até a greta

Perdido, o sonho não me achou...
Zombou a saudade em conchavo com a lembrança
A flor dos sonhos também murchou
E um coração infantil ainda criança

Se perdeu em sonho que não sonhou
Encontrou sem procurar
Sem Amar amou...

Sem Amar amou...
Encontrou sem procurar
Se perdeu em sonho que não sonhou

Perdido sonho que encontrou a dor...

ANJO


Tu tens algo que não posso te dar
Asas da imaginação
A liberdade e o livre arbítrio
Veredito e sentença sem tribunal
Sem advogado e sem promotor
Objeto em apreciação era o um tal sentimento
Um sujeito inexistente
Que não toca e não atende
Pela alcunha de Senhor Amor

Réu confesso já se dedurou
Sem amplo direito de defesa
Não tem motivo para o contraditório
Já foi sepultado sem velório
Só não foi cremado
Por falta de fogo

Anjo caído não me arranca deste inferno
Passei direto do purgatório
Sem direito a voto ou interrogatório
Com punhal de prata
Eu mesmo aplico a sentença
Licença poética à parte
Asas sobrepostas

Asas sobrepostas
Licença poética à parte
Eu mesmo aplico a sentença
Com punhal de prata
Sem direito a voto ou interrogatório
Passei direto do purgatório
Anjo caído não me arranca deste inferno

Na espelho da vida
Que este Anjo
Me fez partir-me ao meio...



ALIANÇA

Fiz um pacto com a vida
Já derrotei a morte
Mudei a minha sorte
Apesar da marca da ferida

Nem ouro e nem prata
Nem morena, loira, negra, ruiva ou mulata...
Fiquei com a minha branquinha
Casei-me duas vezes mais com a minha Teiquinha

Não uso relógio ou aliança
Não tenho hora marcada
Mas amo e mantenho toda a confiança
Mesmo que a vida esteja atrasada

Mantenho dos os laços
Traços de expressão
Que o tempo não laçou
Tudo em nome do fiel Amor...



OMEM DESONRADO [Inspirado em Omens Onrados de Paula Izabela]

Mesmo sem o agá também sou omem
Não tão onrado quanto os outros
Pois na vida já fui desonrado
Excluído e crucificado

No ócio e no vício
No real e no fictício
Sou a sombra da morte
Sou a faca e o corte
E o resto do feitiço


Já fui plebeu e lorde


Sorte de quem não me viu desnudo


Sou um poeta mudo





Na masmorra onde vivo


Sufocado pelo próprio orifício


Emito altos roncos


Morro por minutos


E volto a respirar


Em cada apneia noturna

Um vazio e um pausa diurna
Suspiro e prurido
Me escondo do sono na noite
E dos vestígios do dia
Tudo que me causar melancolia

Sem letras e nomes
Sem estaca e sem caixão
Estou jogado no latão
Tudo porque disseram
Quem tem:


Um lixo pronto para ser descartado...




OMENS ONRADOS

Correntezas rubras movidas pela insensatez,
prudência sufocada pelo ácido.
Bílis alterada pelo ódio.
Barris de vinho cheios de pólvora.

Tudo muda para o que sempre foi e nunca deixará de ser:
Pedras, 
espadas, 
fogo, 
arsênico, 
antrax.
Nada se transforma.

Faroó, 
rei, 
imperador, 
presidente, 
coronel, 
pai de chiqueiro e galo de briga.
Vilões e mocinhos, 
malfeitores e benfeitores.
Impossível distingui-los: todos acreditam nos próprios pêlos.
SENHORES DA RAZÃO desafiam Lúcifer.

No inferno, vulcões de lágrimas, 
estupidez epidêmica, 
intolerância alastrada.
O aço retorcido e disforme não ressuscitará pela virilidade perdida.
Chega de ereções!

Sementes infecundas sendo plantadas em covas medidas
(ou em valas gigantes?)
nunca brotarão.
Instinto de sobrevivência e de preservação?
Misto de auto-mutilação e repressão
denominado de civilização por um cidadão
de uma nação com religião e boa educação?

Ecos de dor ressoam.
São balas encontradas por esperanças perdidas.
Economia seria simplificar: par ou ímpar?

sábado, 22 de setembro de 2012

RELEITURA DA MADONA DE CEDRO [By Paula Izabela]





MADONA DE CEDRO




Brilhante de suor, Gilmar talha o cedro com mãos calejadas pelo ofício. “Socorro! Alguém me... Polícia!” – grito de mulher na calçada. O ferro ininterrupto fere as formas da pequena Madona.

http://paulaizabela.blogspot.com.br/2008/12/madeira.html#comment-form

Relendo a Madona de Cedro
Thackyn

Grito de homem no asfalto: Socorro! Assalto! Levaram a Madona de Cedro; deixaram o brilho do suor e as mãos calejadas de sangue chorou... Na madeira dois furos  e um homem pregado no muro.


Causas Perdidas e Dom Quixote [Engenheiros do Hawaii]


Nem toda causa pode ser considerada perdida
Quando resolver advogar em favor do amor
Ou por amor somente às causa perdidas
Nos perdemos sem causa...

Thackyn



Dom Quixote Engenheiros do Hawaii



Dom Quixote
Engenheiros Do Hawai

Muito prazer, meu nome é otário
Vindo de outros tempos mas sempre no horário
peixe fora d'água, borboletas no aquário
Muito prazer, meu nome é otário
na ponta dos cascos e fora do páreo
puro sangue, puxando carroça

Um prazer cada vez mais raro
aerodinâmica num tanque de guerra,
vaidades que a terra um dia há de comer.
Ás de espadas fora do baralho
grandes negócios, pequeno empresário.
Muito prazer me chamam de otário

Por amor às causas perdidas...
Tudo bem...até pode ser
que os dragões sejam moinhos de vento
Tudo bem...seja o que for...
Seja por amor às causas perdidas
Por amor às causas perdidas

Tudo bem...até pode ser
Que os dragões sejam moinhos de vento
Muito prazer... Ao seu dispor
Se for por amor às causas perdidas...
Por amor às causas perdidas


http://www.vagalume.com.br/engenheiros-do-hawaii/dom-quixote.html#ixzz27EMhQuI2



Infinita Highway

Infinita Highway 
Engenheiros do Hawaii

Você me faz correr demais
Os riscos desta highway
Você me faz correr atrás
Do horizonte desta highway
Ninguém por perto, silêncio no deserto,
Deserta highway
Estamos sós e nenhum de nós
Sabe exatamente onde vai parar

Mas não precisamos saber pra onde vamos
Nós só precisamos ir
Não queremos ter o que não temos
Nós só queremos viver
Sem motivos nem objetivos
Estamos vivos e isto é tudo
É sobretudo a lei
Dessa infinita highway

Quando eu vivia e morria na cidade
Eu não tinha nada, nada a temer
Mas eu tinha medo, medo desta estrada
Olhe só! Veja você
Quando eu vivia e morria na cidade
Eu tinha de tudo, tudo ao meu redor
Mas tudo que eu sentia era que algo me faltava
E, à noite, eu acordava banhado em suor

Não queremos lembrar o que esquecemos
Nós só queremos viver
Não queremos aprender o que já sabemos
Não queremos nem saber
Sem motivos, nem objetivos
Estamos vivos e é só
Só obedecemos a lei
Da infinita highway

Escute garota, o vento canta uma canção
Dessas que a gente nunca canta sem razão
Me diga, garota: "Será a estrada uma prisão?"
Eu acho que sim, você finge que não
Mas nem por isso ficaremos parados
Com a cabeça nas nuvens e os pés no chão
Tudo bem, garota, não adianta mesmo ser livre
Se tanta gente vive sem ter como viver

Estamos sós e nenhum de nós
Sabe onde quer chegar
Estamos vivos sem motivos
Mas que motivos temos pra estar?
Atrás de palavras escondidas
Nas entre linhas do horizonte
Desta highway(?) Silenciosa highway

"Eu vejo um horizonte trêmulo
Tenho os olhos úmidos"
"Eu posso estar completamente enganado
Posso estar correndo pro lado errado"
Mas "A dúvida é o preço da pureza"
É inútil ter certeza
Eu vejo as placas dizendo "Não corra"
"Não morra", "Não fume"
"Eu vejo as placas cortando o horizonte
Elas parecem facas de dois gumes"

Minha vida é tao confusa quanto a América Central
Por isso não me acuse de ser irracional
Escute garota, façamos um trato:
"Você desliga o telefone se eu ficar muito abstrato"
Eu posso ser um Bealte
Um beatnik, ou um bitolado
Mas eu não sou ator
Eu não tô à toa do teu lado
Por isso garota façamos um pacto:
"Não usar a highway pra causar impacto"

Cento e dez
Cento e vinte
Cento e sessenta
Só pra ver até quando
O motor aguenta
Na boca, em vez de um beijo,
Um chiclet de menta
E a sombra de um sorriso que eu deixei
Numa das curvas da highway


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