QUEM POUPA O LOBO SACRIFICA A OVELHA
Pôncius Pilatos da era pós-moderna, o Supremo Tribunal Federal não somente lavou as mãos como fechou os olhos para os crimes de Eduardo Cunha, o general do golpe parlamentar e político. O STF mordeu a fronha negou à DEMOCRACIA três vezes quando poderia impedir a condução de um processo de impeachment por um presidente da câmara federal comprovadamente achacador, chantagista, corrupto e mesquinho. Por que negou? Não sabemos se foi por incompetência ou conivência como bem gostava de dizer tal frase um certo candidato derrotado por treze vezes e delatado por seis vezes na Vaza Jato e sequer foi indiciado, conduzido coercitivamente para prestar depoimento ou afastado do seu cargo fantasia de senador da rés pública... Enquanto isso o processo de investigação dos roubos praticados por Cunha e os depósitos milionários na Suíça está mais furado do que queijo da mesma procedência.
Pôncius Pilatos
O papel do STF no golpe em curso é o de Pôncio Pilatos: lavou as mãos e permitiu que mesmo sob provas esmagadoras de ladroeira e achaque Eduardo Cunha comandasse o processo de impeachment com total desembaraço.
Se, como Marco Aurélio Mello disse, o STF é a “última trincheira da cidadania”, sua omissão no impeachment foi simplesmente criminosa.
Foi um crime de lesademocracia.
De Moro e da Lava Jato não se poderia esperar nada mesmo, e não apenas por questões de foro privilegiado: Cunha não faz parte do alvo deles. O mesmo se aplica à mídia, parceira e beneficiária das delinquências de Cunha.
Mas do STF, ou pelo menos de parte dele, se esperava alguma coisa.
Nesta crise, os juízes da Suprema Corte gostam de dizer que estão “preservando as instituições”.
Ora, ora, ora.
Com sua apatia monstruosa, o que eles fizeram foi preservar não as instituições – Cunha e seus métodos de gângster.
Adicionalmente, ajudaram Cunha em seu intento de obliterar 54 milhões de votos.
De novo: que instituições estavam sendo protegidas?
Caso o golpe triunfe: o que Cunha não será capaz de fazer com poderes redobrados? Se, sob cerco, ele armou o circo do impeachment, pode-se imaginar o que virá por aí.
Já escrevi uma vez e repito: Cunha é um exemplo lancinante do fracasso coletivo de um país inteiro em deter um psicopata com poder.
Neste fracasso coletivo, a toga inútil dos juízes do STF tem um papel crucial.
Neste episódio, e não só nele, lamentavelmente, eles não valeram o dinheiro copioso que o contribuinte paga para sustentá-los.
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
Paulo Nogueira
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O jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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