sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

CRÔNICA DA VIDA URBANA: A MORAL E OS MORALISTAS...

Um dia desses, fui convidado por um amigo para ir fazer compras. Ele: "empresário"; apolítico; eleitor do Aécio na última eleição presidencial; contra a corrupção; curte e gosta das idéias do Bolsonaro; acredita que o Lulinha é dono da Friboi e de tantos outros bens, inclusive, aviões, fazendas e mansões. Enfim, uma legítima pessoa do bem que diz que paga os seus impostos.
Bem, no fim de semana, como havíamos combinado, ele ligou e marcamos de ir fazer as tais compras no final da tarde daquele sábado, pois amizades estão acima das ideologias ou das opções políticas de cada pessoa. Além disso, também precisava de alguns produtos para a minha casa e uma carona para o supermercado é sempre bem vinda, pois não gosto muito de dirigir carros, embora seja devidamente habilitado.
Mal adentrei no seu veículo, um carro luxuoso, ele deu uma rabiada no carro, na primeira esquina, porque estava tentado atender um telefone celular e tinha dificuldade de manusear o aparelho e dirigir ao mesmo tempo. Fiquei ressabiado com aquela atitude e o propus parar o carro para que ele pudesse retornar a ligação com mais calma e sem colocar ninguém em risco. Tudo em vão, ele ligou, entre uma olhada ou outra para a rua e o colo onde estava o celular. Fiquei nervoso com a situação e pedi a ele para parar o carro, pois aqueles solavancos na direção e na marcha estavam me incomodando. Então, ele desligou o celular e fomos para o supermercado em "paz".
Quando chegamos no local desejado, vimos que o estacionamento estava lotado e, percebemos que haviam muitos motoristas manobrando e saindo da garagem por falta de vaga. Seguimos adiante e, esse meu amigo parou e estacionou o carro na faixa do ônibus, em uma avenida super movimentada. Por óbvio que, reclamei de sua atitude de parar na pista exclusiva para ônibus, sendo que ele me disse que todo mundo pára os seus carros naquela pista no fim de semana. Claro que retruquei: não! não concordo, essa pista é para os ônibus e não consta nenhuma placa que libere a parada e o estacionamento no final de semana. Ele respondeu de novo:
- todo mundo pára aqui nos finais de semana
- então, meu, está todo mundo errado, inclusive você. Não vou compactuar com isto. Dê um jeito de estacionar o carro no local correto. Olhe! Tem uma vaga lá dentro agora...
Pois bem, ele fez aquela cara de quem não gostou, mas seguiu o meu conselho; entrou no carro; deu uma marcha ré quase na segunda pista da avenida; e, embicou o carro de uma só vez no passeio e adentrou ao estacionamento, meio que bufando...
Bem, dentro do supermercado, fizemos as nossas compras em comum e, depois que pagamos e guardamos as caixas, voltamos para fazer as comprar individuais, cada um com o seu carrinho. Não demorou muito, percebi que o mesmo estava furando a fila do açougue, pois vi o açougueiro o repreendendo e mostrando a fila, mas parece que o rapaz ludibriou o trabalhador e conseguiu levar a sua carninha fácil fácil na frente dos Outros. Aí, desisti.
Enquanto, a cara estava sob os meus olhares, consegui o redimir de cometer tantas falhas e imprudências, mas foi só eu me separar dele que ele desrespeitou o direito daqueles cidadãos que estavam na fila aguardando a sua vez.
Pois é, essa é conduta de alguns dos cidadãos de bem que vestem uma camisa amarela da CBF; vão para as passeatas pedir o impeachment de legítimos governantes eleitos pela ampla maioria de votos; tomam as suas bebidas caras: champanha ou uísque com energético; possuem os seus carros luxosos, mas, as vezes sequer pagam os impostos dos carros, como é o caso do meu amigo. Aliás, acho que nem carteira de motorista ele possui...

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